Carrossel - O tacto

Pediu-me para tirar a roupa, ainda pensei em pedir para a tirar ela, mas isso seria demasiado íntimo. Olhei-a fixamente, durante centésimas de segundo, e fotografei aquele olhar. Espero que ela não tenha reparado no flash dos meus olhos. Deitei-me de costas, fechei os olhos e abri o meu novo álbum de uma só fotografia.

Todo o stress acumulado desapareceu ao primeiro toque. À medida que as pontas dos seus dedos começavam a ecoar na minha pele, senti uma dormência apoderar-se de mim. Senti-la aproximar pelo intensificar daquele aroma doce e selvagem emanado por todo o seu corpo. Um vento húmido, acompanhado de um murmúrio, invadiu o meu ouvido. Discretamente entrelaçou os dedos pelo meio do meus enquanto os puxava até sentir as falanges estalarem. Tirei mais uma fotografia.

Folheei aquele álbum vezes e vezes sem conta, devagar. Sussurrou-me ao ouvido: Amanhã viras-te de frente! De uma vez, rodei-me, sentei-me e a ela no meu colo, desequilibrou-se e tentou em vão agarrar-se às minhas costas completamente escorregadias. Tentava recuperar o fôlego, abracei-a e com uma mão segurei-lhe as costas e com a outra a nuca enquanto ela caía para trás e amorteci-lhe a queda.

Debruçado sobre ela, anca com anca, agarrei com força, mas sem magoar, os cabelos, depois de lhe afagar brevemente a cabeça, fixei o olhar, tirei uma última fotografia e, com os meus lábios rijos quase a roçar os lábios húmidos dela, disse: Combinado!

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