Deus existe

Acaricio a tua mão, ergo-ta sobre os cabelos e deslizo-te com uma pirueta de encontro ao meu peito. Com as pontas dos dedos desbravo caminho por entre o teu cabelo até conseguir, com a palma da mão, encaixar, de uma forma suave mas firme, a tua nuca. Olho-te, ouço o teu corpo a respirar o meu e sentes-me murmurar palavras perfumadas de desejo nos teus doces olhos, breves momentos antes de, sem receio, envolver os meus lábios nos teus.

Desces das pontas dos pés e, por meio momento, sentimo-nos a desfalecer. Sinto a tua pele a aquecer por detrás da roupa. Talvez tenhas calor. Desaperto-te o botão de cima da camisa.

Empurras-me com uma mão contra a cama e, desequilibrado, sento-me nela. A tua expressão muda, libertas um sorriso maroto enquanto iluminas os olhos. Com um movimento de bailarina, descalças um sapato, que voa através do quarto, e com a ponta dos dedos tocas nos meus tornozelos e vais massajando devagar ao trepar pelo meio das minhas pernas. A cada centimetro que avanças vou ficando mais excitado e espantado. Enquanto passas pela minha braguilha sentes a minha respiração parar e páras também. Durante segundos ficas imóvel a fitar-me, imóvel, a fitar-te. Fazes uma pequena pressão em jeito de provocação, piscas um olho e retomas a escalada.

Finalmente, pousas o pé no meu peito e, sem cerimónia, empurras-me para trás e enterro-me na colcha. Saltas para cima da cama de pé e, com uma perna de cada lado da minha barriga, acenas lentamente com a mão um não que me enfeitiça.

Agarro-te os tornozelos, enquanto agarras o próximo botão da camisa, e penso: “Deus existe...”

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